Opinião

Cavanha: Segurança operacional e meio ambiente com novo mindset

Responsável pela segurança operacional e o meio ambiente é quem opera, não quem fiscaliza

Por Armando

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A ANP promoveu o VI Workshop de Segurança Operacional e Meio Ambiente, evento conhecido como SOMA.

Empresas como a Petrobras, Total, Shell, Chevron, Equinor, PetroRio e Exxon tiveram a oportunidade de expor medições, políticas e desafios para os dois temas objeto da reunião.

A ANP fez considerações sobre otimização da fiscalização de campo,desenvolvimento de regulação, risco e performance, atividade preventiva, articulação regulatória para evolução das licenças ambientais, redução de intervenções em campo. Além disso, comentou sobre parceria com Ibama e outros órgãos na questão ambiental, vinda de grandes operadoras trazem boas práticas internacionais, incentivo aos investimentos em E&P.

Estiveram nos painéis associações de classe e institutos, como IBP, IADC, Abrisco, ABESPetro, dentre outras.

A ANP passou a percepção de “queria ouvir o mercado”. De que queria usar o desempenho da indústria local em 2017 para traçar o caminho do futuro. Assim, intencionava fortalecer rede de parcerias com outros órgãos de governo e empresas.

Há uma percepção de que a entrada decidida das empresas de petróleo mundiais para o Brasil, com compras significativas de blocos exploratórios nos bids, especialmente do pré-sal, fazendo “estoques” de trabalho e oportunidades de descobertas, quer dizer que acreditam que o Brasil deve resolver seus principais gargalos regulatórios. Eles vão desde cronograma mais harmônico e previsível para os novos bids, passando por conteúdo local compensatório, Repetro mais equilibrado e menos burocrático, segurança operacional simples e focada, meio ambiente rápido e eficaz, descomissionamento inteligente, uso da cláusula de P&D com razoabilidade, redução da concentração no refino em poucos players de uma vez por todas, solução para o transporte do gás incentivador de negócios e vazão de produção, até preços de mercado e menos controlados para os derivados.

Não seria concebível imaginar que empresas como as que estão apostando alto no país não estivessem fazendo análises profundas das mudanças regulatórias do país, tendências e mudanças.

Há um importante desafio de finalizar o regulamento de descomissionamento, aproveitando a experiência estrangeira presente nas operadoras no país. Também, fazer uma revisão do Regulamento de Segurança Operacional vigente.

Percebe-se pouco foco nos demais elos da cadeia de valor de O&G, como downstream e midstream, bem como um modesto tempo nas questões de onshore e shale. Obviamente, os recursos são finitos e a atividade é crescente. E há questões de divisão de atribuições dentro da própria agência.

O aumento da atividade de E&P no país não vai permitir um crescimento linear e proporcional da equipe de trabalho nas áreas de segurança operacional e meio ambiente, que já não é pequena. Terá de ter uma mudança disruptiva, de conceito, de atuação. Provavelmente, com uma automação radical para capturar variáveis dos sistemas de campo e uma estratégia de muito mais seletividade e amostragem.

Afinal, o responsável pela segurança operacional e o meio ambiente é quem opera, não quem fiscaliza. Este tem a missão de monitorar, apontar, preventivamente estabelecer regras de convivência com a exploração e produção. Preservar os ativos do país e a sociedade.

Ao final, utilizando tecnologia de comunicação do evento, foi produzido o mapa de percepções, a seguir, com destaque para os desafios do SOMA, os grandes vetores deste ambiente de trabalho. Destaque para a questão de cultura, comprometimento, colaboração e liderança.

Armando Cavanha é professor do MBA/FGV

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