Opinião

EDITORIAL: Um passo adiante

Pré-sal é oportunidade de o país deixar de ser exportador de commodities para se tornar um desenvolvedor de tecnologia

Por Roberto Carlos Francellino da Silva

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O pré-sal é uma realidade. Tanto que é um dos plays mais cobiçados pelas maiores petroleiras mundiais. A Petrobras e seus fornecedores foram capazes de tornar a outrora nova fronteira em um investimento não só viável, como rentável, ainda que em meio ao cenário de desvalorização do barril. Mas agora é preciso dar um passo adiante e fazer com que, mais do que gerar arrecadação de recursos para a saúde e educação, os recursos que já estão sendo produzidos sejam indutores do desenvolvimento industrial e tecnológico do país.

Nesse sentido, a comercialização do petróleo pertencente à União é uma imensa oportunidade, sobretudo para o desenvolvimento da cadeia de refino e inovação - tema de uma das nossas reportagens, na página 30. Os parlamentares e agentes públicos que discutiram o assunto no fim de março durante audiência pública promovida pela Comissão Mista da MP 811/2017 - que trata justamente da venda do óleo do pré-sal que pertence à União - defenderam essa bandeira e já cogitam inserir nessa medida dispositivos nessa direção.

É certo, que se voltar a crescer, o país precisará nos próximos anos ampliar sua capacidade de refino para dar conta do aumento da demanda interna por derivados do petróleo. Com a Petrobras saindo parcialmente de cena para aliviar o peso que lhe foi colocado nas costas, haverá espaço para que o capital privado invista em novas refinarias no país. As primeiras iniciativas começam a pipocar aqui e ali - como a refinaria anunciada no Maranhão por investidores chineses -, mas esse movimento pode ser bem mais consistente se houver uma política industrial relacionada ao petróleo que pertence à União.

Com o aumento da capacidade interna de refino, o país deixaria a incômoda posição de exportador de petróleo bruto e importador de derivados, que põe em xeque a segurança energética do país. Como resultado, produtos de maior valor agregado seriam produzidos internamente, gerando mais arrecadação, além, obviamente de emprego e renda, tanto nas refinarias quanto na indústria que atenderia a elas. Também se beneficiaria desse cenário a indústria petroquímica, grande consumidora e dependente dos derivados do petróleo.

Portanto, é bem-vinda a iniciativa dos parlamentares e agentes do setor presentes naquela reunião. Integrantes do governo de diferentes espectros ideológicos concordaram, num raro momento de lucidez na política brasileira, que o sucesso do pré-sal traz uma imensa oportunidade de o país sair de um mero exportador de commodities para um país com industrialização e produção de tecnologia. Fica a torcida para que divergências partidárias não se coloquem no caminho das pessoas que podem tornar esse desenvolvimento uma realidade.

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