Opinião

Pré-sal e a segurança energética em tempos de crise

Mesmo diante do cenário de incertezas que cerca a indústria mundial, a Petrobras e seus parceiros conseguiram colocar em produção o primeiro sistema definitivo do campo de Mero, terceiro maior campo do pré-sal, localizado a mais de 150 km da costa do Rio de Janeiro

Por Fernando Borges

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O FPSO Guanabara, instalado em Mero, construído e operado pela Modec via afretamento, tem capacidade de produzir 180 mil barris por dia (bpd) – o equivalente a 6% da produção operada pela Petrobras. Será a primeira de uma série de quatro unidades programadas para o campo – e a previsão é que lancemos um novo sistema a cada ano até 2025. Juntas, quando estiverem em plena carga, as quatro plataformas adicionarão 720 mil bpd à capacidade instalada do país.

E são muitas as vantagens competitivas do novo projeto. Para se ter ideia, Mero possui um reservatório muito espesso, com colunas de óleo que chegam a 420 metros –maior que a altura do Morro do Pão de Açúcar, por exemplo. Além disso, o óleo produzido no campo é leve, com qualidade e valor comercial superiores.

Como o gás no campo de Mero tem um teor de 45% de CO2, o projeto vai incorporar um dos mais robustos programas de Captura, Uso e Armazenamento Geológico de CO2 da indústria offshore mundial - o chamado CCUS. A previsão é que tenha capacidade de reinjetar até 330 milhões de toneladas de CO2 ao longo de sua operação. A Petrobras é líder mundial e pioneira na aplicação da tecnologia de CCUS para águas ultraprofundas.

E as inovações vão além. Em continuidade ao esforço em reduzir as emissões de carbono em nossas operações, estamos desenvolvendo a tecnologia que batizamos de HISEP®, patente nossa. Com ela, no fundo do mar, vamos separar o gás rico em CO2 presente em Mero e reinjetar esse gás no reservatório, evitando sua emissão para a atmosfera e ampliado a eficiência do projeto - via aumento do fator de recuperação do óleo. 

Essas iniciativas estão alinhadas ao compromisso da Petrobras de redução de 32% na intensidade de carbono na área de Exploração e Produção até 2025.

Das 15 novas plataformas de produção programadas no Planejamento Estratégico da Petrobras para o período de 2022 a 2026, 12 serão instaladas no pré-sal – e a produção nessa camada responderá por 79% do volume nacional nos próximos cinco anos.

Passados mais de dez anos desde o primeiro óleo no pré-sal, não só superamos desafios considerados inicialmente intransponíveis, como desenvolvemos tecnologias pioneiras em condições únicas, que se transformaram em legado para a indústria mundial.

Temos pressa no pré-sal. Para se ter ideia, vamos investir quase US$ 40 bilhões nessa província até 2026. Temos pressa em transformar o mais rápido possível essa riqueza do nosso subsolo em recursos para o país e a sociedade, pois ela captura em média 70% da receita líquida desses campos. E isto se dá via royalties, participação especial, óleo lucro da União e impostos.

Com a recuperação financeira da empresa e seu fortalecimento, estamos ainda mais preparados para aproveitar a janela de oportunidade da transição energética, investindo na aceleração do desenvolvimento do pré-sal. É assim que vamos gerar recursos suficientes para investir em novos projetos rumo à transição para uma economia de baixo carbono.

Fernando Borges é diretor de E&P da Petrobras

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